4/12/2013 Andrêi Kisliakov, especial para Gazeta Russa
Paralelamente à reforma do setor espacial, autoridades russas pretendem aumentar qualitativamente o conjunto militar em órbita. Decisão decorre do aperfeiçoamento de armas nucleares e ampliação do potencial de armas comuns de alta precisão.
Nos últimos anos, o grupo espacial em órbita cresceu visivelmente. Só no âmbito do Programa de Armamento do governo federal para 2013, o conjunto já ganhou cinco naves espaciais e, até o final do ano, estão programados o lançamento de mais cinco. Para 2014, a expectativa é colocar em órbita mais seis naves, bem como iniciar os testes com o veículo de lançamento Angará e realizar os primeiros lançamentos das naves espaciais militares, adiados por questões técnicas.
Regra de três
Iniciativa russa de aprimorar defesa no espaço parte de três princípios:
  1. Uma potência nuclear tem que possuir um potente conjunto de satélites de suporte de informação;
  2. É preciso distribuir os recursos ativos de defesa antiaérea.
  3. Todos os elementos da defesa devem funcionar como um organismo único, cujo objetivo é garantir a segurança nacional de ataques estratégicos.
As naves espaciais aparentemente inofensivas, que por si só não são sistemas de ataque, devem se tornar parte integrante das principais armas do século 21. “A criação de sistemas militares para o futuro é impensável sem sua adaptabilidade às condições de preparação de sistemas de defesa aérea de alta envergadura, inclusive com plataformas espaciais”, justifica o diretor do Instituto de Termotécnica de Moscou, Iúri Solomonov.
A doutrina russa para defesa nacional vem assumindo um viés militar-espacial, de modo que as tecnologias espaciais modernas deverão determinar a segurança do país. De acordo com os especialistas no setor, como objetivo das guerras do futuro não será conquistar o território inimigo, a utilização massiva de tropas terrestres perderá terreno.
Hoje em dia, mesmo os antigos sistemas de mísseis nucleares não são suficientemente eficazes sem o suporte de informação à base de satélites e sistemas de alerta de ataques por mísseis.
O analista militar Vladímir Sliptchenko prevê que, ao longo desta década, o número de armas de alta precisão das potências mundiais vai saltar para 50 mil e, até 2020, chegará a 90 mil unidades.
Desse modo, a ênfase em armamento estratégico sai da clássica “tríade nuclear” para os recursos não nucleares à base de sistemas de armas de alta precisão. Para tanto, mostram-se cada vez mais necessários equipamentos como satélites de reconhecimento, prevenção, previsão e indicação de alvo.